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domingo, 7 de agosto de 2011

Volume I: A Criação e o Vazio

Introdução


“Sem uma forma externa nem sua caracterização interior nem o espírito da sua imagem chegarão até o público. A caracterização externa explica e ilustra e, assim, transmite aos espectadores o traçado interior do seu papel.” (A criação da Personagem, pag 17 e 18)

Conceituar o Vazio é muito mais fácil do que imaginá-lo. Imaginar consiste em criar uma imagem, visualizar mentalmente alguma coisa. Há uma facilidade maior em fazer imagem mentalmente usando o Vazio como propriedade, como por exemplo, um quarto vazio. Mas o vazio total é inimaginável, pois o vazio total não se caracterizaria pela ausência de algo, mas sim, pela ausência de tudo. Esse Vazio permanece como idéia, talvez um ente flutuante em nosso imaginário coletivo.
Toda nossa memória existencial se baseia logicamente, na existência propriamente dita. Temos experiência com a existência desde que nascemos, num ¬mundo que já se apresenta pronto e palpável para nós, e linguagem e conhecimento já disponíveis para nosso aprendizado. Não existe, portanto, experiência com o Vazio, não podemos vivenciá-lo. É contraditório vivenciar algo inexistente.
A criação é algo então milagroso. Faz brotar existência do vazio, num sentido mais divino. Utilizamos a expressão “criar” corriqueiramente como uma atividade artística ou capacidade humana inerente. No entanto, o ato criar, entendido como o ato de fazer surgir do nada ou sem o auxílio de qualquer coisa, mostra-se indisponível para o homem dentro de seu amplo leque de habilidades. A própria ciência explica o surgimento da existência a partir do aglomerando de compostos que resultaram em uma grande explosão gerando o universo, mas não explica a origem desses mesmo elementos iniciais. A partir daí, para o homem e sua mortalidade, a criação pode ser encarada como aproveitamento do que já existe, através do conhecimento, referenciais e experiências. Dentro desse raciocínio, faz-se coerente que:


“Nada se cria, tudo se copia.”
“Nada se perde, tudo se transforma.” (Lei de Lavoisier)

Ainda na mesma lógica, podemos apreender que esses dois conceitos tipicamente banais e bastante difundidos, Criação e Vazio; em nenhum destes o homem tem participação no que diz respeito à experiência. Pois ele não pode criar nada a partir do nada ou sem o auxílio de algo, como um estalar de dedos, e não pode “conhecer” o vazio absoluto.


A criação humana pede imaginação criativa, elaboração, reflexão, experiência, atividade e... vida! Não há ato criador sem vida. Em certo grau de existência temos um correspondente visual. Uma imagem pela qual podemos identificar que aquele ou aquilo existe. Este determinado grau não se refere ao Conceito, mas à coisas tangíveis, perceptíveis pelos sentidos. Seja um objeto ou ser-vivo, os dois possuem vida. A diferença é que o “objeto” não é “vivo” por si mesmo, mas vive enquanto recipiente de conceitos e idéias que nós, seres pensantes repletos de vida, imprimimos neles através de nomes, formas, cores, histórias... Em suma: conhecimento. O imaginário coletivo é forte em nossa formação nesse aspecto, pois como mencionado anteriormente, quando nascemos, um mundo já pronto se apresenta à nós, e nos é empurrado ou ensinado o “conhecimento”, uma sabedoria acumulada desde os primórdios da existência. Não temos outra saída para a sobrevivência senão aceitá-lo, para assim nos tornarmos indivíduos que se reconhecem mutuamente como semelhantes.
Um indivíduo sem conhecimento, não é útil para seus semelhantes nem para o sistema onde os mesmos vivem. Sem conhecimento, este iguala-se aos animais, um animal irracional. A palavra “Pessoa” ou Persona designa um concatenato de informações num indivíduo (seu correspondente visual), pleno de experiência acerca da existência, é quem pensa e realiza uma ação, um ser vivo e pensante, um ser humano. A questão é: E o conhecimento? O que é de onde vem?

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